quarta-feira, 29 de outubro de 2008

HOMENS POBRES E “LIVRES” REBELAM-SE: MOVIMENTOS SOCIAIS DO SÉCULO XIX

A historiografia tradicional ao descrever o século XIX enfatiza a região Sudeste e esquece, quase que completamente, a região Nordeste. É como se esta região ao perder a supremacia econômica com a crise do açúcar, tivesse deixado de existir. No entanto, a história continua se desenvolvendo em todos os seus aspectos e os movimentos sociais até se intensificam na medida em que a crise econômica aumenta os conflitos.
Ao tratar dos movimentos sociais do século XIX no Nordeste, enfoca apenas dois movimentos: a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador em 1824, isto no início do século, depois passa apresentar os movimento do período regencial com a Sabinada, Balaiada e a Cabanagem e a Farroupilha ocorrida no Sul. Ao abortar a segunda metade do século, a historiografia não trata de nenhum movimento social. É como se o crescimento da econômica nacional, com o fortalecimento dos cafeicultores, tivesse resolvido todos os problemas nacionais e reinasse a paz nas demais regiões do país.
No entanto esta análise é equivocada. Diversos movimentos eclodiram em todo o país. Só para relacionar a região Nordeste, ocorreram insurreições importantes como a revolta de 1878 e o movimento conhecido como “Carne sem osso farinha sem caroço”, ocorrido em Salvador, sem falar no grande massacre de Canudos.
Na segunda metade do século XIX , ocorreram alguns levantes importantes na Paraíba. O Ronco da Abelha apesar de ter sido iniciado nos Estados vizinhos acabou se difundindo na Paraíba e o movimento de Quebra-Quilos que se iniciou na Paraíba e espalhou-se para os estados vizinhos. É preciso ficar claro que estes movimentos têm suas especificidades, mas também têm dois fatores em comum: serem movimentos que envolveram principalmente, homens e mulheres pobres e livres, de áreas em que a concentração de escravos era pequena tendendo a diminuir, e, estes movimentos terem ocorrido em um período de profunda crise econômica e de descaso por parte da monarquia e seus representantes, que nada fazia para responder aos problemas gerados pela crise na região.

Texto produzido pelo o Professor e Escritor: Damião de Lima
Texto Extraído do Livro: Estudando a História da Paraíba – uma coletânea de textos didático- Ano 1999.
Gráfica Offsert Marcone
Editora Cultura Nordestina

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