segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A VIOLENTA ASCENSÃO E QUEDA DOS DINOSSAUROS



Hoje gostaria de abordar um tema que desperta o interesse de cientistas de várias áreas, desde a astrofísica e a geologia até a biologia e a paleontologia: o das causas violentas de ascensão e queda dos dinossauros. Como o leitor pode imaginar, qualquer tópico que misture tantas áreas diferentes de pesquisas cria também polêmica. O consenso vem apenas após muita briga, ou melhor, após pesquisa e discussão acadêmicas.
Os dinossauros reinaram supremos sobre as outras espécies por mais de 100 milhões de anos. Há 65 milhões de anos, eles desapareceram em um intervalo curtíssimo de tempo. A evidência de que extinção ocorreu rapidamente é baseada na espessura da chamada K/T, que separa o Período Cretáceo do Terciário. Em termo geológico, podemos imaginar que a superfície da Terra é como uma torta de camadas, cada uma com um sabor diferente. Do mesmo modo que, para preparar a torta, as camadas são superpostas uma após a outra, a superfície da Terra também retrata a ordem temporal com que as diferentes camadas de sedimentos foram depositadas. Quanto mais profunda for a camada, mais antiga ela é, fundamental como um calendário da história da Terra.
Vários estudos realizados dos “lados” da camada K/T mostram que, de fato, enquanto a camada correspondente ao Período Cretáceo é rica em fósseis de dinossauros,, na camada do Terciário eles são quase inexistentes. Essa conclusão não foi imediata: quando os fósseis são raros, a determinação de sua abundância é muito difícil. Fora isso, em 65 milhões de anos, um grande número de fósseis pode ter sido (e foi) destruído. Hoje está claro que os dinossauros desapareceram mesmo abruptamente há 65 milhões de anos. A causa desse desaparecimento foi um dos focos das brigas, ou melhor, discussões acadêmicas, a que me refiro acima. A maioria dos paleontólogos defende a idéia de que a extinção dos dinossauros tivesse ocorrido gradualmente, devido a uma combinação de causas, incluindo atividades vulcânicas, mudanças climáticas e desequilíbrio na cadeia alimentar. Dale Russell foi um dos poucos paleontólogos a propor um mecanismo diferente. Em 1971, junto com o astrofísico Wallace Tullace, Russsell sugeriu que os dinossauros foram extintos devido à explosão de uma estrela (uma supernova) em nossa vizinhança, que bombardeou a Terra com doses letais de radiação. O Catastrofismo entrava triunfalmente na paleontologia.
Durante a década de 1980, ficou claro que 70% das espécies foram extintas há 65 milhões de anos devido ao impacto de um cometa ou um asteróide. A prova é baseada em dois fatos principais: primeiro, encontrou-se o elemento irídio na camada K/T em quantidades muito maiores que o normal, Sabendo que esse elemento é mais abundante em asteróides e cometas do que na Terra. Segundo, a cratera pelo impacto foi descoberta na península de Yucatán, no México. A extinção dos dinossauros permitiu que os mamíferos, até então bastante insignificantes, evoluíssem a ponto de, há 4 milhões de anos, surgirem os primeiros hominídeos. Sem o impacto, provavelmente não estaríamos aqui.
A novidade maior é que, aparentemente, a era dos dinossauros também foi iniciada por um outro impacto cataclísmico. Na transição entre os Períodos Permiano e Triássico, há 250 milhões de anos, 95% das espécies foram dizimadas, tanto nos mares como em Terra. Pelo que sabemos hoje, essa foi a maior extinção na Terra. Ela foi também a extinção que criou as condições que facilitaram a evolução dos dinossauros. Recentemente, cientistas descobriram excesso de um composto de carbono chamado fulereno, que tem o formato de uma bola de futebol. Como uma bola, essa molécula bastante grande pode armazenar gases em seu interior. Uma análise desses gases, principalmente hélio e argônio, mostrou que sua abundância relativa corresponde a quantidade observadas em meteoritos e não às encontradas na Terra. Ou seja, os fulerenos soterrados na camada P/T têm uma origem extraterrestre. Os dinossauros devem a sua ascensão e a sua queda à colisão de corpos celestes com a Terra. Nossa ascensão também se deve, em parte, ao mesmo motivo. Esperemos que não a nossa queda.


Gleiser, Marcelo
Micro Macro – reflexão sobre o homem, o tempo e o espaço
São Paulo : Publifolha, 2005.



Um comentário:

  1. parabéns jadson, muito bom o artigo. tá bem legal site, com uma boa navegabilidade. por que não divulga o site lah pela casa brasil e pede para colocar como página inicial nos computadores do telecentro. talvez fosse uma boa.


    abraço e sucesso

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